terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O Egoísmo do Bem

terça-feira, 28 de julho de 2015

Sobre a Preguiça Emocional e Seus Lapsos


Sou boa em me manter ocupada. Ouso dizer que sou excelente. Já quase me convenci um punhado de vezes do quanto eu me basto. No meio de tantas coisas que gosto, do tanto de planos que tenho e de tudo que esse mundo tem a me oferecer, eu sinto um tipo de preguiça e cansaço antecipado de ter que encaixar alguém.

Uma amiga minha denominou esse sentimento de preguiça emocional.

Esse sétimo pecado capital da minha personalidade tem me valido ouro. Todos os dias tenho a convicção de que não me sobra tempo e nem vontade de adequar tudo à presença de alguém além de mim. Como ninguém precisa se convencer de algo em que já acredita, tem sido quase sem esforço passar os dias na minha companhia e de mais ninguém.

Quase.

E aí tem dias como hoje, em que eu me permito pensar em coisas diferentes das que me distraem.
Quando eu o conheci, ele era só um pontinho na multidão (para o qual eu não dava a mínima). Na segunda vez que o vi, achei insuportável de chato (e egocêntrico). A terceira foi quando algo mudou.
Acho que a desgraça começa aí: alguém me convencendo de que são necessárias três tentativas para formar uma opinião sobre algo – como todo mundo diz.

Eu deveria ter previsto que acreditar subitamente em clichês era um prenúncio.

Soa tão errado a existência de outras vezes depois das três primeiras já que o desinteresse por ele diminuiu, mas não deixou de existir. E com o tempo, o recém-qualificado-como-bom papo, os bons beijos, eu que nem fazia questão, passei a fazer. E quando ficou mais desafiador, fiz mais questão ainda.

No meio dos clichês para os quais aprendi a dar atenção, havia os grandes consagrados: almas gêmeas, metade da laranja, nascidos um para o outro, par perfeito, química incontestável. Para não acreditar nesses, eu repetia como um mantra outra frase feita: todo mundo nasce inteiro e não precisa de ninguém para se completar. Não funcionou.

O problema é que apesar de travada, eu sou sensível. É uma desgraça, vergonhoso até, mas é a sofrida verdade. Dentre os abraços contidos e as palavras carinhosas editadas, eu – idiota - comecei até a acreditar que podia dar certo – afinal, era um baita esforço não deixar de ser eu mesma e ainda assim não assusta-lo.*

No fim das contas, acho que a recepção sempre positiva - que contrariava o discurso batido de não querer se envolver - me fez acreditar que algo existia, quando não (ou talvez eu só tenha me especializado em encontrar motivos que contornem o fato de eu ser uma grande, verdadeira - e burra - crédula das palavras e atitudes das pessoas).

É certo, porém, que dentre todas as análises que fazemos dos porquês de as histórias que compõem nossas vidas tomarem um rumo diferente do esperado, sempre tem algumas coisas que nos incomodam mais. Eu tenho duas em específico para essa história: o momento que me fez insistir e o momento que me fez desistir.

Ambos pareceram verdadeiros e continuam parecendo.

É quando revivo estes momentos que preciso fazer algum esforço para passar os dias só comigo e mais ninguém. Quando eu me permito parar de pensar no que me distrai e deixo vivos os pensamentos que me doem e fazem existir um vazio, o que me basta não sou eu, nem o que me interessa e me ocupa, nem a minha preguiça de abrir espaço para alguém ou de me destravar e me deixar levar. O que me vale é ter certeza de que também sou boa em cuidar para que coisas que deram errado não se repitam.

As pessoas mudam seus pensamentos e sua forma de agir e ainda que seja difícil distinguir o que é verdadeiro do que é passageiro, é minha responsabilidade disciplinar minha forma de pensar a agir perante o que me dizem e fazem.

Por isso é certo que vai ser preciso ser verdadeiro para me fazer insistir. E é certo que vai ser preciso muito mais do que qualquer verdade (passageira, inventada ou real) para me fazer desistir depois de me convencerem a insistir.

Nesse ínterim, eu me ocupo. Nesse ínterim, quando paro de pensar e me distraio, eu me espreguiço.

* Eu sei que você pensou que ~se o sentimento é real não precisa ficar editando e se contendo e tudo e tal~. Tudo bem, eu entendo que o mundo é lindo e que unicórnios existem, mas, sério, pense nas suas trocas de mensagens com a pessoa de que você está afim. Pensou? Agora diga a si mesmo quanto tempo pensou antes de mandar as mensagens. E melhor: quantas vezes pensou em algo idiota, mas não enviou por medo que ele(a) te achasse bizarra (o)? Se isso nunca aconteceu porque você realmente acredita que ser você mesmo é a melhor solução em qualquer momento da vida, com qualquer pessoa, saiba antecipadamente que sou sua fã. Quando crescer quero ser assim (e não, não estou sendo irônica)(ok, talvez um pouco).

sábado, 20 de junho de 2015

Carta a D. - André Gorz

Livro: Carta a D.
Autor: André Gorz
Editora: Cosac Naify
Publicação: 1º reimpressão em 2014.
Número de Páginas: 64
Preço: R$14,60 a R$15,90


Gosto de histórias de amor, gosto de histórias reais e gosto ainda mais de histórias de amor reais.
Contrariando Fernando Pessoa, André Gorz (um dos pseudônimos de Gerhard Horst) escreve uma carta de amor nada ridícula e destituída de palavras esdrúxulas. O livro, que consiste em uma carta escrita pelo autor à sua esposa, é uma verdadeira declaração de amor que começa e termina com uma similaridade tocante das palavras doces que seguem:




O autor explica que precisa dizer a ela estas coisas devido a algumas questões que têm lhe atormentado: o que mais lhe inquieta é o fato de ela estar tão pouco presente no que ele escreveu - quando ela é a coisa mais importante que ele tem na vida - e principalmente o porquê de ele a ter injustiçado nos trechos em que ela se fez presente em seus escritos, mostrando um retrato distorcido da mulher que ama. 
"Eu lhe escrevo para entender o que vivi, o que vivemos juntos", diz Gorz, que então passa a contar sobre como começou a história dos dois e como esta se seguiu ao longo dos anos. A narrativa é estruturada de modo que parecemos assistir a como eles se conheceram e entender um pouco da personalidade de ambos, que são pessoas extremamente diferentes.
"Eu não entendia. Não sabia que ligações invisíveis se teciam entre nós." (p.7)
Com uma autocrítica presente ao longo de todo o texto, Gorz admite não ter identidade - rejeitava toda identidade e juntava várias sem que nenhuma fosse realmente dele - e que Dorine (o nome de D.) o dava acesso a uma alteridade que lhe completava, a um mundo que não era o dele. Conhecemos, então, um pouco mais do passado de ambos e as experiências que os levaram a ter algo em comum: uma insegurança quanto ao lugar que ocupavam no mundo que os faria ter de criar um lugar que fosse dos dois. Para tal, ambos sabiam que o amor que sentiam deveria ser um pacto para a vida inteira, mas o autor tinha restrições quanto a isso significar casamento. A princípio ideológicas, as razões dele culminavam, na verdade, no medo de viver algo real:
"Até onde consigo me lembrar, eu sempre procurei não existir." (p.16)
Devido a estas incertezas, ela viaja e o deixa pensar. Ele escreve a ela diariamente. "Eu estava consciente de precisar de você para encontrar o meu caminho; de só poder amar você.".
Ela volta. Ele consegue um emprego e ela por vezes vai ao escritório auxiliá-lo (como faria ao longo de toda a vida). Casam-se; passam por dificuldades financeiras. Ele elogia a capacidade dela de adaptação a toda e qualquer situação adversa. Elogia o quanto ela é forte, capaz e marcante na vida das pessoas. Ela é vivaz; ele, quieto. "Sabia que faz três dias que você não me diz uma palavra?" ela observou em certa ocasião. "Eu me pergunto se, comigo, você se sentia mais solitária do que se estivesse morando sozinha.". Ela, entretanto, sempre o incentivou a escrever - ainda que isso fosse o que o mantivesse tão afastado. Eles conhecem Sartre, a quem ele tanto admira e cita em sua obra - a primeira que virá a ser  publicada dos muitos livros que escreveria ao longo de sua vida autoral.
Ele sente, então, que passou a existir. Ele admite, também, achar que não a merecia.
No período mais político de suas vidas - foram ativistas em maio de 68 -, ela provou ter melhor visão política e, por isso, sempre o ajudou com as redações dos artigos que escrevia para o jornal em que trabalhava. Eles viajavam para comparecer a seminários e voltavam com focos diversos. Ele apoiava seus sentimentos (e tudo mais) em teorias; ela, em vivências. Discutiam sobre isso largamente e ele sempre questionava, ao fim, o porquê de ela sempre ter razão.Ele  entende que essas diferenças eram suas riquezas.

Ele conta, exemplificando com uma série de situações que viveram, como ela sempre esteve presente em sua vida em todos os momentos bons e ruins. Nós sentimos, lendo, o quanto ela foi presente. E em meio à admiração e carinho que a essa altura do livro passamos a sentir por ambos, ele fala, então, sobre ela estar doente.

Uma operação de hérnia de disco com lipidiol a fez ter dores incuráveis. Ela busca alternativas para controle da dor. Eles se interessam por ecologia e tecnocrítica - ele passa, inclusive, a escrever sobre o assunto sob um segundo pseudônimo (Michel Bosquet). Ela descobre um câncer e sobrevive apesar das poucas chances. Como quem quase perde, ele se propõe a se aposentar e viver o presente junto a ela, cuja vida lhe é tão valiosa.  Os dois viveram 23 anos na casa de campo desenhada por ela, no interior de Paris. Neste tempo ele publicou 6 obras, recebeu inúmeras visitas e fez inúmeras entrevistas. Sentindo que não fez jus ao que prometeu a si mesmo, Gorz escreve a carta.

O livro é um pedido de desculpas, mas também um relato de amor, cumplicidade, gratidão e admiração. É uma história real sobre ter alguém no mundo e ser alguém no mundo; sobre autoconhecimento, autocrítica, amor, incentivo e entrega.

André Gorz/Michel Bosquet consagrou-se como um importante filósofo tratando em suas obras sobre existencialismo, economia e ecologia. Dorine é parte de tudo o que ele foi.
Certos de que não poderiam viver um segundo sequer sem o outro, o casal se suicidou em 2007.

André Gorz e Dorine

domingo, 14 de junho de 2015

Viajar sozinha pela primeira vez e com pouco dinheiro: como não desistir.


No início deste ano eu estava bastante decidida a fazer uma super viagem: Croácia, Hungria, Alemanha e Polônia - comecei a estudar alemão e estava pura empolgação. Os destinos dentro dos países não estavam muito certos, mas eu queria muito ir a esses quatro.
Entretanto, ao longo do ano, uma série de eventos fez com que eu tivesse de reconsiderar minha linda utopia: os custos eram altos; meu orçamento já apertado ficou ainda mais apertado e eu viajaria pela primeira vez sozinha.

Era frustrante pesquisar semanalmente e não encontrar nada que se adequasse - ainda mais quando se fala tanto sobre promoções, sobre como dá para viajar com pouco dinheiro e sobre diversos mochilões por todos os lugares imagináveis e inimagináveis gastando "pouco". 
Decidi então escrever sobre o inverso: sobre como pode ser difícil viajar sozinho quando você ainda não teve aquela primeira vez encorajadora.

Eu tenho zero experiência em viagem desacompanhada e prezo pelo caminho mais seguro, então tive de levar em consideração alguns itens:
  • O idioma: sim, a maioria dos lugares tem o inglês como segunda língua, mas até que ponto valeria o risco de não saber lidar com a primeira língua dos países de destino? Nunca esqueço de que fui à Starbucks em Paris e o atendente falava basicamente zero inglês. Não se pode generalizar, mas na minha concepção, não vale a pena correr o risco de não conseguir se virar por ser pego de surpresa devido à barreiras idiomáticas. Imagina parar na estação errada e se ver rodeado de placas com símbolos ou palavras com tantas consoantes que você nem imagina como se pronuncia? É claro que dá para sair dessa, mas o melhor é não entrar nessa. Se você conhece alguém que já foi ao país de língua peculiar e que lhe garante que o inglês é suficiente, é outra história - vai fundo! Se não, vale pesquisar antes de se aventurar.
  • A segurança: por mais que nos achemos super descolados, nós temos, sim, cara de turistas, jeito de turistas, sotaque de turistas. Sozinhos temos de ter cuidado redobrado porque é muito mais fácil ser vítima de pessoas mal intencionadas - que existem em todos os lugares; não devemos nos iludir acreditando no contrário;
  • A imigração: nas vezes que viajei foi consideravelmente tranquilo passar pelas imigrações, mas assim como há uma série de relatos positivos sobre viagens bem sucedidas, também há relatos de pessoas que passaram maus bocados. Uma pessoa jovem, viajando sozinha, gera maior desconfiança da imigração do que um grupo de pessoas. A questão é que para evitar problemas, é aconselhável que quem viaja sozinho tenha os vouchers da hospedagem, os comprovantes de pagamento, passagem de volta comprada, e muitas vezes uma quantidade mínima de dinheiro que não é pequena (na Espanha, por exemplo, essa quantidade é 550 euros - cerca de R$ 2.000,00). Isso faz com que a viagem tenha de ser muito bem planejada - datas, hospedagens, chegadas e partidas. Promoções da RyanAir e da EasyJet podem ser inviabilizadas dependendo do tempo que a pessoa tem para se organizar e pesquisar os melhores preços;
  • A hospedagem: esse item é bem pessoal. Pode ser muito mais conveniente a pessoa ficar em um hostel, em que pode fazer amizade com os hóspedes ou pode ser que a pessoa se sinta mais confortável em ficar em um hotel ou bed and breakfast por se sentir mais  à vontade e segura sozinha no quarto. Considero este o item mais tranquilo porque atualmente temos muitas ferramentas que nos permitem avaliar o local em que vamos nos instalar no país de destino - e de mais a mais, o hotel ou hostel é o lugar em que passamos menos tempo quando viajamos. Ainda assim, tem toda aquela coisa de ficar atento à bagagem quando se compartilha o quarto (o que na verdade, se aplica também para quando você está com amigos e compartilhando o quarto com estranhos). No meu caso, porém, a hospedagem era peça chave porque minha mãe bizarramente se sente mais tranquila quando garanto que vou ficar em um lugar que ela considera bom;
  • Os preços: toda viagem para uma só pessoa é mais cara do que para duas pessoas. Não faz muito sentido, mas é assim que é.
  • Não ter com quem comentar sobre a viagem: esse item me deixava meio preocupada e frustrada, mas é uma coisa ruim que pode ser boa. Estar sozinho pode fazer com que você faça amizades que não seriam tão essenciais/importantes se você tivesse em um grupo de amigos.
Uma coisa era certa, em meio a isso tudo: viajar no fim de 2015 era algo de que não abriria mão de forma alguma. 
Então eu fui a agências de viagem entender o que era possível fazer e quais das minhas preocupações eram verdadeiras.

Para conseguir um retorno de acordo com as minhas expectativas, deixei bastante claras as condicionantes ao plano de viagem:
  1. Quanto eu poderia gastar, incluindo as despesas no local;
  2. Quando eu poderia viajar: só depois do dia 27/11;
  3. Quanto tempo eu gostaria de passar no local: no mínimo dez dias, no máximo 19 (não, não teria dinheiro para todos esses dias);
  4. Para onde eu gostaria de ir: diante das condicionantes, estava bastante aberta aos destinos, mas daria preferência a lugares frios;
  5. Como seria "interessante"  (isso no ponto de vista da minha mãe, naturalmente) eu viajar: teoricamente, viagem com guia ou com outras pessoas, já que dessa vez seria eu e eu em um lugar desconhecido.

Fui a três agências, ao todo:
Agência 1: zero retorno
Agência 2: retorno em dois dias úteis com opções acima do meu orçamento e, posteriormente, opções dentro do orçamento, mas com menos dias de viagem.
Agência 3: retorno no dia útil seguinte à minha visita com QUATRO lindas opções de viagem. Seguem:

1) Diversas cidades em Portugal e na Espanha (11 noites), com uma excursão: teria muitas pessoas comigo, viajaria no frio, estava dentro do orçamento, mas - como confirmei com a agente - seria uma viagem "panorâmica" e eu passaria um bom tempo dentro do ônibus (muito mais do que nas cidades listadas). Eu gosto de sentir as cidades; o ritmo do lugar; o cotidiano. Essa opção foi descartada;

2) Chile: Santiago - Vina Del Mar e Valparaíso (8 noites): dentro do orçamento. Não haveria pessoas comigo e seria verão. Estaria quente. Bem quente. Eu odeio calor. Essa opção foi descartada;

3) Uruguai: Colonia do Sacramento, Montevidéu e Punta Del Este (11 noites): idem acima. Essa opção foi descartada;

4) Península Ibérica: Lisboa, Madri e Barcelona (11 noites) - possibilidade de acréscimo de passeios sem sair do orçamento: dentro do orçamento. Frio. Bom período de viagem. Viajar sozinha, mas podendo conhecer pessoas nos passeios. Minha mãe achou ótimos os hotéis (sim, a opinião da minha mãe importa). Cidades com bom transporte público. Temos uma escolhida. Depois conto para vocês o que já tenho planejado (porque faz só uma semana que decidi e ainda não terminei meu planejamento de Lisboa).

Se você está com "pouco" dinheiro: saiba que as opções acima são possíveis.


Diante de tudo isso, acredito que para se manter firme e viajar sozinho pela primeira vez:
  • É fundamental entender quais são as suas inseguranças com relação à viagem e verificar quais delas são passíveis de serem dribladas - orçamento, idioma, hospedagem, meio de transporte entre cidades, etc;
  • É essencial saber quais são as suas condicionantes para decidir quais as viagens possíveis e qual, dentre elas, você vai conseguir fazer sozinho;
  • É importante saber o que você gosta e o que você não gosta de fazer. Se estas coisas não estiverem claras para você, é possível que fique de mal humor durante toda a viagem ou passe os dias se arrependendo de ter escolhido sem pensar se a opção escolhida realmente lhe agradava;
  • É interessante conversar com pessoas que estiveram nos lugares que você pensa em ir para pegar dicas. Não se deixe levar pelas opiniões, entretanto. Às vezes o que é ruim para os outros pode ser ótimo para você e vice-versa. Pesquise, leia várias opiniões;
  • É muito bom ter o auxílio de uma pessoa que lida diariamente com o mundo das viagens - no meu caso, a agente de viagens ajudou muito a decidir qual das opções se encaixava realmente em meu perfil;
  • Pesquise sobre o lugar que você pretende visitar. É provável que você fique muito empolgado e se sinta mais corajoso para lidar com qualquer possível dificuldade que passou pela sua cabeça;
  • Existem muitos passeios (city tours) que te permitem conhecer os pontos turísticos principais das cidades e ter uma compreensão geográfica inicial do lugar em que você está. Fica mais fácil se localizar quando você já sabe que aquela estátua fica perto daquela praça que fica perto daquela saída de metrô a 100m do seu hostel/hotel;
  • A internet tem milhares de informações que te permitem entender o chão que você vai pisar. Pesquisar os locais que você quer visitar, situá-los geograficamente  e mensurar as distâncias com relação a onde você estará hospedado pode ajudar muito a você se sentir mais seguro para sair andando pele cidade. Marcar o itinerário no Google Earth ajuda inclusive a decidir o meio de transporte ideal.
Espero que esse post ajude algumas pessoas.
Não há problema nenhum em ficar apreensivo e não ter espírito aventureiro para fazer um mochilão na sua primeira viagem sozinho. Não há problema em não achar que tudo é fácil e simples. Há problema, sim, em se deixar levar por essas inseguranças e, por causa delas, não viajar. Vá pela opção mais segura, mas não deixe de ir.


sexta-feira, 5 de junho de 2015

Repeat, please


Nos últimos tempos percebi que sou uma pessoa muito mais feliz quando ouço música de manhã.
Como ouvir música no caminho para o trabalho se tornou um hábito arraigado, vou tentar postar semanalmente ou quinzenalmente três músicas que se tornaram chiclete para mim (ouço de manhã e fico cantarolando o dia todo) (às vezes a semana toda).*

O que me chamou atenção dessa vez é que duas das músicas tem letras que não fazem muito sentido (#002 e #003). Eu sou do tipo de pessoa que gosta de coisas que fazem sentido.


Outlander: Como a série me ganhou


Quando se trata de roteiros baseados em livros, eu costumo seguir o caminho quase sempre decepcionante de ler a história original para depois assistir a adaptação para cinema ou TV.
No caso de Outlander, não estou seguindo esta ordem porque - vergonhosamente, admito - eu nem sabia que ela era originária de livros até os créditos iniciais me contarem.

O fato é que quando esses créditos apareceram eu já tinha sido fisgada por:

1. A fotografia e as paisagens lindas;

A série começa com uma imagem linda da região de Highlands (Terras Altas), no norte da Escócia. A história depois se passa em Inverness (apesar de a cidade existir, as locações da série foram em Glasgow e Edimburgo).

Ainda pretendo falar sobre estes lugares, mas por enquanto, deixo aqui o endereço de um blog que fala resumidamente sobre Highlands, Inverness e sobre outro lugar que é importante na história (Fort William):
* Atentem para o trecho que fala sobre a lenda do Monstro do Lago Ness. Eu nunca tinha relacionado a lenda ao local.


2. O texto da narração inicial;

"People disappear all the time.  Ask any policeman.  Better yet. ask a journalist.  Disappearances are bread-and-butter to journalists.
Young girls run away from home.  Young children stray from their parents and are never seen again.  Housewives reach the end of their tether and take the grocery money and a taxi to the station.  International financiers change their names and vanishe into the smoke of imported cigars.
Many of the lost will be found, eventually, dead or alive.  Most are found eventually. Disappearances, after all, have explanations.
Usually."*
         (Trecho copiado do site da autora Diana Gabaldon. Disponível em: http://www.dianagabaldon.com/books/outlander-series/outlander/excerpt-1-outlander-prologue/)
*Os trechos tachados são os que não são narrados na série. O trecho em vermelho foi uma frase adaptada.

Tradução livre:
Pessoas desaparecem o tempo todo.
Garotas jovens fogem de casa. Crianças se perdem dos pais e nunca mais são vistas. Donas de casa pegam o dinheiro das compras e um táxi para a estação de trem. Muitos são encontrados, eventualmente. Desaparecimentos, afinal, têm explicação. Geralmente.

Posteriormente a esse trecho, a personagem principal fala sobre a vida que ela queria/imaginava e se algumas atitudes poderiam ter feito ela ser feliz q conclui: "Quem pode saber? De uma coisa eu tenho certeza: mesmo agora, depois de toda a dor, a morte e a mágoa que se seguiu, eu ainda teria feito a mesma escolha."

A partir dessa última frase eu passei a sofrer assistindo as escolhas dela em cada episódio.

3. O sotaque britânico

A atriz Caitriona Balfe -, que faz a Claire - é irlandesa, mas ela faz super bem o sotaque britânico necessário à nacionalidade inglesa da personagem principal.

A coisa fica ainda melhor ao final do episódio porque são adicionados o sotaque escocês e o gaélico.
Sei que muita gente não gosta da sonoridade dos sotaques, mas eu tenho verdadeira paixão por como um idioma pode ser moldado de diferentes formas por pessoas de lugares/ambientes distintos e ainda assim não deixar de ter a mesma matriz.

4. O(s) período(s) em que se passa a história;

Quem nunca se imaginou viajando no tempo através de um espelho, um portal, um pó mágico?
É exatamente assim que a história de Outlander (Forasteira) se inicia. A personagem Claire, durante uma segunda lua de mel com o marido após a recém finda 1ª GM, viaja no tempo e lida com os perigos de ser uma mulher inglesa em território escocês no século XVIII - os escoceses acham que ela é uma espiã e os soldados ingleses, enviados pelo Rei para exercer domínio no país, acham que ela é uma traidora da coroa. Em meio a perseguições, acontece uma série de eventos enquanto - a princípio - ela tenta voltar para o tempo do qual ela é originária.

5. A referência à 1ª GM (e cenas - leves - de amputação)*

Eu gosto de histórias relacionadas às grandes guerras. A Claire era enfermeira na primeira guerra mundial e essa experiência se mostra mais útil do que ela sequer pudesse imaginar quando ela volta dois séculos no tempo.

*E eu gosto de cenas médicas/seriados médicos/sangue.

6. A abertura simplesmente estonteante. A combinação da música folk deliciosa de ouvir com as cenas selecionadas é perfeita.

Não vou me estender nos comentários. Assistam e formem suas opiniões porque sou suspeita a falar.(Fico cantarolando a música para lá e para cá todos os dias)



P.S.: Qualquer dias desses falo sobre Skye, mencionada na música.


Não quero dar spoilers sobre o seriado e por isso não quis falar muito mais sobre a trama.
Acredito, porém, que tenha ficado bem claro o quanto essa série ganhou meu coração - e alguns dos elementos que enriquecem a versão audiovisual da história.

Em breve falarei sobre os livros, mas fica aqui o registro de um detalhe interessante: o primeiro livro foi publicado em 1991 (!!!).

Postagem Inaugural

Faz um bom tempo que penso em criar um blog para falar sobre os mais diversos assuntos: os livros que leio; as séries que assisto; as músicas que ouço; os lugares que acho interessantes/gostaria de conhecer e coisas aleatórias que fazem parte do meu cotidiano. Bom, cá estou. Não sei quem vai ler o que eu vir a postas aqui, mas espero de verdade que goste.


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